Os tipos do Eneagrama
- Olhando detalhadamente cada tipo

Tipo 8
Quadro de Afirmações Típicas
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Desde criança tive a impressão de que o mundo castiga as tendências macias e por isso é importante ser duro.
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Lembro que na infância me incentivavam a ser forte, a não dar parte de fraco.
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Sinto prazer em quebrar regras.
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Costumo estabelecer contatos com as pessoas provocando-as.
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Não tenho medo de me confrontar com os outros e faço isso facilmente.
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Percebo facilmente onde reside o poder num grupo.
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Sinto-me muito bem, mantendo o que quero e lutando por isso.
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Percebo facilmente os pontos fracos dos outros e os ataco se me provocarem.
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Sei como fazer as coisas.
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Sinto-me à vontade no exercício do poder.
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Vejo-me como uma pessoa direta e positiva.
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Acredito que sou uma pessoa do "mundo".
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Gosto de movimentar-me, de espaço livre, de aventura.
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Tenho dificuldade para aceitar e expressar meu lado terno, agradável, suave, "feminino".
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É fácil expressar minha insatisfação.
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Chateio-me facilmente.
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Acredito que sou um bom trabalhador.
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Para mim, a justiça e a injustiça são questões-chave.
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Protejo os que estão sob minha autoridade ou jurisdição.
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Acredito que os outros criam seus próprios problemas.
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Em geral não me ocupo muito com a introspeção nem com a auto-análise.
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Acredito que não sou conformista.
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Não gosto de estar isolado, fechado.
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Não gosto que digam que me adapte.
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Custa-me deixar que as coisas sigam seu curso.
Visão geral
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Em criança, muitos sentiram que eram oprimidos ou empurrados de cá para lá — não tinham em quem confiar, a não ser em si mesmos. Infância combativa, em que os fortes eram respeitados e os fracos não.
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Bem cedo tiveram a impressão de que o mundo castigava as tendências macias e, por isso, se firmaram na dureza. Crianças que cresceram em ambientes onde não é permitido demonstrar fraqueza ou chorar ou onde a força era incentivada. ("Não aguente nada! Reaja sempre! Mostre aos outros quem é bom"...) Foram ou serão pessoas do Tipo 8. Aprenderam a se proteger adquirindo uma sensibilidade requintada quanto às intenções negativas dos outros.
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O Tipo 8 chegou à conclusão de que os fortes dominam o mundo e os fracos levam a pior. Por isso, resolveu não se adaptar, mas desenvolver a força, fazer resistência, quebrar regras e, de preferência, comandar os outros, ao invés de se deixar comandar. Descrevem-se como pessoas que tentaram ser boas quando novas (mas os outros se aproveitaram de sua inocência).
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Alguns também criaram essa atitude como reação a pais muito "moles", liberais e condescendentes.
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A experiência básica é que a vida é ameaçadora e hostil e que não se pode confiar simplesmente nos outros, enquanto não ficar provado o contrário.
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A questão central é o controle: "Quem é que tem o poder? Será justa essa pessoa?" Sentem-se seguros quando controlam uma situação. Quando estão em posição de liderança, a tendência é assumir o controle e assegurar os limites de seu próprio "império pessoal".
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O teste de poder é pressionar os pontos fracos das pessoas, para ver como reagem. Acreditam que a verdade se revela na disputa: quando discutem ou brigam, estão checando as motivações do outro. Brigar é uma forma de estabelecer contatos e chegar à intimidade (embora isso geralmente produza o efeito contrário).
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Atuam de forma vigorosa e são capazes de transmitir aos outros um sentimento de força.
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Têm senso de justiça e veracidade. Percebem instintivamente quando "fede" em algum lugar ou se pratica injustiça ou falsidade — reagem contra isso de maneira aberta e direta.
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Podem ser um rochedo de garantia para os outros e desenvolver grande sentimento de responsabilidade e solidariedade. Quando se engajam em algo, são capazes de manifestar energias extraordinárias. Sua palavra inspira confiança.
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Assim como as pessoas do Tipo 1 querem ser "bons meninos e boas meninas". As pessoas do Tipo 8 querem ser "maus garotos e más garotas".
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Observando de fora, muitas vezes se confunde este tipo com o Tipo 1, pois ambos são governados por agressões. Uma das diferenças é que o Tipo 8 não se desculpa e não volta atrás (é difícil reconhecer um erro, pois isso poderia parecer fraqueza).
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Podem ser muito rigorosos consigo mesmos e, inclusive, penitenciarem-se duramente, sem que os outros o percebam.
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O Tipo 8 também é confundido muitas vezes com o Tipo 6: contrafóbico. Vistos de fora, os dois tipos são realmente difíceis de distinguir. As agressões do Tipo 6 provêm da Cabeça e são expressões de seu medo que desejam prevenir. As agressões do Tipo 8 vêm do Ventre e se dirigem contra tudo o que este tipo acha fingimento e injustiça. Procura conflitos e, inclusive, os provoca. Joga pesado e é um notável advogado do diabo: gosta de ser do contra.
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Querem previsibilidade e controle de suas vidas (mas ficam com tédio, sem uma posição para defender).
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Uma vez definidas as regras do jogo, a tendência é quebrá-las. Criam problemas, compram brigas, intrometem-se na vida dos outros, criam caso por pequenas coisas.
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Mesmo que não demonstre de imediato, sua reação a novas pessoas, idéias e situações é de recusa e negação.
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Por sorte gosta de tomar o partido dos mais fracos. Não suporta falsas autoridades e hierarquias.
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Sua paixão pela justiça e pela verdade faz com que se coloque muitas vezes ao lado dos fracos e desvalidos — isso se deve ao fato de saber que por trás de sua fachada de dureza, invulnerabilidade, grosseria e brutalidade existe uma criança; o exterior duro encobre um coração de criança.
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Sentimentos de ternura e vulnerabilidade profundamente arraigados (a maioria só permite que no máximo duas ou três pessoas vejam esse lado). O amor se expressa mais pela proteção do que por sentimentos ternos.
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É inseguro quanto à criança que existe nele, mas às vezes descobre-a nos outros e quer protegê-la.
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A Teologia da Libertação é em grande escala uma teologia com energia de Tipo 8.
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Se o Tipo 8 estiver no poder, seus subalternos sentem-se muitas vezes oprimidos e jogados, enquanto ele mesmo nem percebe que sua atitude intimida os outros. Manifesta seu desgosto de pronto e imediatamente passa para as tarefas do dia — as vitimas, porém, não se recuperam tão rapidamente.
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Usa a "luta" para fazer contatos, e não entende muitas vezes que esse modo de fazer contatos deixa os outros com medo. (Pelo fato de gostar de luta, conflito, polêmica e achar isso algo lúdico, acha que aos outros agrade o mesmo.)
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Quando ataca os outros, muitas vezes é para sacudir a fachada artificial do adversário.
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Detesta informações imprecisas e quer saber exatamente o que está acontecendo. Quer saber quem é amigo ou inimigo, contra quem deve lutar e quem lhe deixa o flanco aberto. Tem grande respeito pelo inimigo de igual envergadura.
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São muitas vezes excelentes jogadores, pois notam logo as fraquezas do outro e, sem remorso, aproveitam a vantagem.
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A capacidade de desmascarar comportamentos inautênticos e demonstrações falsas de força faz de alguns extraordinários terapeutas e pastores. (Abalam a auto-imagem falsa dos outros, colaborando assim para que o "autêntico" possa vir à luz.)
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Como nenhum outro tipo, tem o dom de fazer com que os outros possam atingir seus verdadeiros potenciais.
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Entusiasmam os outros com sua força carismática e motivam para o engajamento (Luther King, Fidel Castro, Che Guevara). Despertam nos outros a disposição de confiarem na sua liderança e de segui-los para onde for; as pessoas sentem que eles levarão a bom termo tudo o que se propõem a fazer.
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Tende a sair do sistema e lançar pedras a partir de fora (ao contrário do Tipo 1, que é reformador a partir de dentro). Também isso atemoriza os outros (sobretudo as pessoas que dificilmente dão vazão à própria agressividade, as quais ficam com medo do Tipo 8).
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Sua agressividade mobiliza as agressões do lado contrário. Por isso é fácil temer e odiar o Tipo 8. Não se envergonha de pisar como "elefante em loja de porcelanas"; quando diz "merda" é porque realmente quer dizer isso, e se diverte. Sente prazer quando o público se contorce nas cadeiras. Não é diplomata.
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Evita desamparo, fraqueza e submissão. Por isso, tende a considerar correta a sua opinião e se fecha a outras.
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Tem um pendor para a arrogância e o autoritarismo; às vezes trata os colaboradores como "tira-botas" e apresenta seus oponentes como maus ou fracos de espírito.
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Por conhecer suas próprias forças e ver de imediato as N, quezas dos outros, vai-se impondo aos demais e construindo falsas hierarquias — qualifica os outros no esquema "amigo x inimigo".
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Ai daquele que se mostrar altivo contra o Tipo 8: ele esmaga quem se mostra com autonomia ou opinião divergente, mas, quando alguém está em dificuldade, mostra-se real: mente compreensivo e protetor. Não se consegue vencei, uma briga como o Tipo 8.
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Sua verdadeira energia não é ira ou rancor — trata-se de uma paixão e de um total engajamento pela verdade, pela vida e pela justiça; é uma paixão pela coisa em que acredita ou pela pessoa por quem é responsável.
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O maior erro que se pode cometer em relação a um Tipo g é deixar-se intimidar ou recuar quando ele faz pressão hora de entrar em luta aberta ou tentar dialogar com criança que existe nele).
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Protege o fraco, mas detesta covardia e moleza (quando acha que seu adversário é bobo ou incapaz, aplica-lhe o golpe de misericórdia, mesmo sabendo que já está na lona)
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Muitos se engajam em esportes vigorosos e gostam de experimentar carros de alta velocidade.
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Raras vezes demonstram medo. Geralmente são atrevidos amantes do risco e gostam de desafios perigosos. Vivem beira da catástrofe, e isso os anima; estão em seu elemento
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Estilo de atenção radical do tipo tudo ou nada, que tende ver as coisas nos extremos (não há meio-termo). Isso pode levar a não reconhecer as próprias fraquezas e a negar os pontos de vista diferentes, ou ao exercício apropriado da força a serviço dos outros.
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Quando a atenção se fixa numa postura de discussão ou disputa, o campo de percepção se restringe a ver os pontos fracos na defesa do oponente. (Fica difícil compreender o ponto de vista do oponente.)
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O estado preferido é o do excesso e do movimento cheio de energia. São desinibidos e têm muita energia física disponível, que podem gastar generosamente com os amigos.
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Assim que um desejo se impõe, partem logo para a ação, antes que venha a frustração. Aí assumem postura de combate: atenção fixa na meta, e nada os distrai disso. Opiniões contrárias nem sequer são consideradas. São rudes e cegos para nuances pessoais, quando estão concentrados em fazer algo.
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Se forem apertados (sentindo-se embaraçados) ou se perceberem que os outros estão sendo condescendentes com eles, ficam enfurecidos e inflexíveis.
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Quando amadurece, a necessidade de criar conflito como forma de descobrir a verdade dá lugar a uma capacidade rara de reconhecer a verdade única de cada indivíduo.
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Pensamentos de vingança amortecem a ansiedade experimentada pela criança ao se sentir impotente. Planejar o modo de revidar serve para bloquear sentimentos de humilhação e de ameaça, ao sentir-se derrotado por um adversário. Geralmente confunde sua ideia de tirar forra com a ideia de justiça. Desejos insatisfeitos vão e voltam na mente, tornando-o ansioso e irritável, até resolver a situação: "Tenho que resolver isso pessoalmente, senão fico escrevendo cartas na cabeça semanas a fio".
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Às vezes se deixam manipular para lutar por causas dos outros.
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Desapegados de uma imagem pública polida; têm atração por experiências marginais. São relativamente descomplicados e funcionam com prazeres simples.
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Detestam se sentir excluídos de qualquer grupo especial (ou de informações claras).
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É um tipo fascinante: a gente se vê constrangido a reagir perante ele, quer queira quer não. Não se esquece facilmente um Tipo 8.
É um amante apaixonado da vida. Nele oscilam as duas coisas: força vital e disposição apaixonada.
Auto-imagem: sou forte
Idealização: forte e justo
Estilo de falar: provocante
Tentação (dilema): luta pela justiça
(é, ao mesmo tempo, seu ponto forte e sua tentação)
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Pode levar a que se intitule o vingador ou o retribuidor, pois seu conceito de justiça é "compensação".
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Procura sempre um culpado a quem possa castigar (quando está voltado sobre si mesmo, existe o perigo de dirigir as agressões contra si mesmo).
Fuga de: fraqueza
Pecado de raiz: luxúria (descaramento, imoralidade - é pessoa se "sangue quente"...)
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(Luxúria = excesso sobre outra pessoa por prazer ou paixão — o outro é usado, feito objeto, oprimido. O Oito não redimido não tem respeito pela vulnerabilidade ou dignidade de outra pessoa.)
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O não redimido pode fazer em relação aos outros sérias exigências morais, sem que ele mesmo as observe. Às vezes oscila entre um rígido moralismo e um "deixa Ter" total.
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A exemplo do Sete, tende para uma satisfação excessiva dos instintos. (Pode comer, trabalhar, beber e fazer sexo sem experimentar qualquer sentimento de culpa.) Só tem sentimentos de culpa quando acha que foi injusto ou falso. Quando a atenção se fixa num prazer, é difícil desviá-la.
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Nos grupos de jovens é o que "aguenta"; é o último a ir para a cama. Enquanto o Sete gosta de evitar o sofrimento, o Oito se alegra com ele, pois isso faz parte da vida plena e chocante.
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Precisa de muito espaço só para si (alguns gostam de caçar, pescar, subir montanhas). Não há maior tortura para o Tipo 8 do que isolá-lo e assim cortar-lhe todas as possibilidades de agir para fora.
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Não se sentem constrangidos em expressar sua raiva nem agir conforme seus sentimentos.
Mecanismo de defesa: negação
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Às vezes nega tudo o que não condiz com seu conceito de verdade e justiça. Pode também negar e reprimir as próprias fraquezas e os limites de seu poder.
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Quando afetado por outros, pode negar os verdadeiros sentimentos, afastando-se, alegando tédio ou culpando-se intensamente por erros do passado. Isso pode levar ao hábito paralelo de negar a dor física e emocional.
Armadilha: vingança
(são para,ele formas de equilibrar novamente a balança da justiça)
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Uma vez que para ele é tudo ou nada e o mundo é dividido em preto e branco, amigo e inimigo, pode acontecer que descubra em si mesmo o maior inimigo e já não possa confiar em si mesmo, quando confrontado com sua própria culpa.
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Repor a justiça.
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